brevíssimas considerações sobre sofrimento e teatro negro
DOI:
https://doi.org/10.59418/olhares.v9i1.188Abstract
Este texto tece considerações sobre a relação entre sofrimento e teatro negro. Partindo da ideia de despertar proposta por Christina Sharpe (2016) enquanto conscientização de que vivemos em um mundo regido pela antinegritude, e trazendo uma breve análise bibliográfica, o autor argumenta que o sofrimento é o lamaçal de onde podem surgir interessantes proposições artísticas. Longe de defender a estetização, representação ou reprodução do sofrimento negro em cena, o autor propõe, na esteira de diversos outros autores que, sendo a antinegritude um elemento estrutural da modernidade, a ponto de a humanidade ganhar seus contornos modernos a partir de um conjunto de artifícios que vão inventar ou re-inventar corpos racializados, estabelecer hierarquia entre esses corpos e monumentalizar um dado corpo como o “paradigma do humano” (MARTINS, 1995, p. 144), é também verdade que esse mesmo corpo racializado possa confrontar, tensionar e desnaturalizar dimensões caras à modernidade, tais como as noções de tempo e espaço, linguagem, lógica, realidade e conhecimento, por exemplo, sem com isso querer disputar sua inclusão nos confins do humano.
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